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O QUE É A ASSERTIVIDADE?

Assertividade, que não se encontra ainda nos dicionários, é termo bem formado para indicar a qualidade de assertivo, isto é relativo a asserção, «afirmativo». Poderá, assim, aplicar-se a uma pessoa com facilidade em convencer.
O acto de defender os direitos pessoais e exprimir pensamentos, sentimentos e convicções de forma apropriada, directa e honesta, de modo a não violar os direitos dos outros.
É, como tal, um estilo de comunicação que nos permite ser mais construtivos na relação com os outros. Não é uma característica inata ou um traço de personalidade que alguns de nós possuem e outros não. É uma aptidão que pode ser aprendida, isto é, que cada um pode desenvolver mediante um treino sistemático e estruturado. A maior parte das pessoas não é assertiva em todas as situações. Por exemplo, podemos comunicar assertivamente com um colega de trabalho e ter bastante dificuldade em fazê-lo com familiares. Não será correcto dizer que uma pessoa é simplesmente assertiva ou não assertiva, mas sim que há ou não tendência para comunicar assertivamente em determinadas situações.


A assertividade é uma escolha
A ideia fundamental é a seguinte: a assertividade é uma escolha.
Essencialmente, trata-se de alcançar uma maior liberdade de escolha, que nos permita ser ou não assertivos, na medida em que o entendamos fazer, numa dada situação. Provavelmente ninguém quererá ser muito assertivo quando um motoqueiro de trança, braços tatuados e 1 metro e 95 nos passar à frente na fila para a bilheteira do cinema. Todos aprendemos regras de sobrevivência, e neste caso parece ser mais adaptativo esperar tranquilamente que chegue a nossa vez.

Razões para utilizar a comunicação assertiva
Ser assertivo aumenta o respeito por nós próprios, reduz a noção de insegurança e vulnerabilidade, aumenta a autoconfiança no relacionamento com os outros, diminuindo a necessidade de aprovação para aquilo que fazemos. Fará com que os outros aumentem o seu respeito e admiração por nós. Permitirá que, ao defendermos os nossos direitos, consigamos que as nossas preferências sejam respeitadas e as nossas necessidades satisfeitas. É um estilo de relacionamento interpessoal que poderá ser extremamente recompensante, uma vez que proporciona maior proximidade entre as pessoas e maior satisfação na comunicação das nossas emoções. Ou, dito simplesmente, é possível que se goste mais de uma pessoa quando ela age assertivamente.

Assertividade não é um jogo de Poder
Agir assertivamente não tem como objectivo levar os outros a fazer o que nós queremos. Não se trata de ganhar ou perder mas sim de considerar os interesses de ambas as partes envolvidas num conflito e de os negociar assertivamente para que, idealmente, ambas saiam satisfeitas.

Os direitos assertivos
São um conjunto de direitos que permitem a cada um de nós sermos nós próprios, agir e expressarmo-nos como nós próprios, perante os outros, sem distinções de cor, sexo, idade ou estatuto social. É importante considerar que os direitos vêm definidos em termos abstractos, e que deverão ser particularizados de acordo com as nossas situações individuais.
Não é obrigatório concordarmos com todos eles, a listagem constitui apenas um auxiliar para cada um de nós construir o seu “guia de acção” na comunicação assertiva. Mas ao fazê-lo teremos obrigatoriamente que aceitar que não são direitos exclusivamente nossos mas sim aplicáveis a todas as pessoas com quem interagimos.
Não podemos defender direitos sem aceitar a responsabilidade que lhes é inerente, a de defender os nossos direitos considerando sempre os direitos dos outros.

Eles são:
Eu tenho o direito de ser respeitado e tratado de igual para igual, qualquer que seja o papel que desempenho ou o meu status social.
Eu tenho o direito de manter os meus próprios valores, desde que eles respeitem os direitos dos outros
Eu tenho o direito de expressar os meus sentimentos e opiniões.
Eu tenho o direito de expressar as minhas necessidades e pedir o que quero.
Eu tenho o direito de dizer NÃO e não me sentir culpado por isso.
Eu tenho o direito de pedir ajuda e de escolher se quero prestar ajuda a alguém.
Eu tenho o direito de me sentir bem comigo próprio sem sentir necessidade de me justificar perante os outros.
Eu tenho o direito de mudar de opinião.
Eu tenho o direito de pensar antes de agir ou tomar uma decisão.
Eu tenho o direito de dizer “Eu não estou a perceber” e pedir que me esclareçam ou ajudem.
Eu tenho o direito de cometer erros sem me sentir culpado.
Eu tenho o direito de fixar os meus próprios objectivos de vida e lutar para que as minhas expectativas sejam realizadas, desde que respeite os direitos dos outros.

Formas de comunicação não assertiva
Por oposição à definição que demos de assertividade, o que está em causa na comunicação não assertiva é um desrespeito pelos direitos dos outros ou pelos nossos próprios direitos. No primeiro caso chamamos-lhe agressividade e no segundo passividade.

Procuremos defini-los de forma clara:

Passividade:
É o acto de violar os próprios direitos ao não expressar honestamente sentimentos, pensamentos e convicções, dando como tal permissão aos outros para que também eles violem os nossos direitos.

Agressividade:
É a expressão de sentimentos, pensamentos e convicções de um modo que viola os direitos dos outros, (com recurso a formas inadequadas de expressão, como a zanga, o tom de voz elevado, a ironia...). Poderemos dizer que é uma defesa unilateral de direitos: defendemos os nossos mas não queremos saber os dos outros.

Manipulação:
Consiste em dar a entender que satisfazemos os direitos e necessidades dos outros, mas apenas o fazemos para satisfação dos nossos. Aqui, como na agressividade, estamos a desconsiderar os direitos dos outros, mas fazemo-lo de forma discreta, implícita, de modo a não provocar qualquer desconfiança.Não é correcto dizer que uma pessoa é passiva ou agressiva mas sim que age tendencialmente de uma dessas formas em determinadas situações. Acrescentasse: pode-nos ser muito útil agirmos de modo passivo, agressivo ou manipulativo

Por que razão agimos passivamente?
É simples: agimos passivamente porque não agimos de forma assertiva!
E se não o fazemos provavelmente ou não sabemos agir de forma assertiva (nunca o aprendemos), ou acreditamos que não o devemos fazer nunca (é má educação ou vamos magoar os outros), ou temos receio de o fazer (sentimo-nos ansiosos quando assim agimos e, como é natural nessas circunstâncias, porque é desagradável, preferimos não o fazer).
 

É possível confundir comunicação assertiva com agressiva e passiva com boa educação, ou seja, considerarmos que a forma correcta de interagir com os outros é afinal aquilo que temos vindo a designar passividade, e que tudo o resto, incluindo aquilo a que temos vindo a chamar assertividade, é ser mal-educado ou ofensivo. São os resultados da nossa “educação”, da aprendizagem social que de um modo geral, desde os nossos tempos de criança, valoriza as nossas respostas passivas (i.e. bem comportadas). Chegados à idade adulta interiorizámos uma série de regras que nos levam a agir passivamente mesmo que não estejamos interessados em fazê-lo (não se deve discordar dos nossos superiores, ou não se deve recusar uma bebida que um amigo nos oferece e por aí fora).
Acontece também desconhecermos ou não acreditarmos nos nossos direitos. E até achar que a passividade é uma forma de bondade, uma maneira de prestarmos ajuda aos outros.
Ou sentir ansiedade porque nos pomos a antecipar o que de terrível vai acontecer, ou o que vão os outros ficar a pensar de nós, por agirmos de um modo assertivo. Eles vão ficar magoados, vão zangar-se, e achar que eu sou um charlatão, egoísta e malcriado, e vão deixar de me falar e até deixar de gostar de mim. Se recusar aquele favor irão rapidamente pensar que não o consigo fazer.
Vou ter chatices com a equipa de trabalho. Posso até ser despedido. É natural que, se pensarmos assim, nos venhamos a sentir ansiosos quando procuramos ser assertivos e como tal não o façamos tanto quanto gostaríamos.

Implicações a Longo-Prazo
A longo prazo, as pessoas que agem frequentemente de forma passiva sentem o seu amor-próprio correr riscos de desaparecer, enquanto lá no fundo se vai formando um incontível sentimento de revolta. É uma tensão reprimida que pode originar mal-estar, alterações físicas como dores de cabeça ou perda de apetite, e até estados depressivos mais graves.

Resumo:
Quando agimos de modo passivo estamos essencialmente a procurar agradar aos outros e a fugir a todo o custo de conflitos. E mesmo quando isto tem como consequência a violação da nossa integridade e o desrespeito pelos nossos direitos pessoais, tem muitas vezes um efeito imediato gratificante (não nos envolvemos numa discussão, não nos sentimos ansiosos), numa cultura que premeia a conduta passiva. Não há razão, pois, para nos sentirmos uns inúteis por agir passivamente. Está simplesmente na altura de ensaiar outras formas de agir, a princípio sem dúvida mais trabalhosas, mas possivelmente muito mais gratificantes no futuro.

Por que razão agimos agressivamente?
A resposta não difere muito da anterior. Também aqui se trata de não agir de forma assertiva, pelas razões apontadas atrás: não saber, não acreditar ou ficar ansioso.
Uma das causas mais frequentes da agressividade é acharmo-nos fracos e vulneráveis, à mercê dos outros. Nas interacções sociais teremos tendência a ver ameaças por todo o lado e responder agressivamente, à defesa. Se acreditarmos que o mundo é um lugar perigoso, e que os outros, até ver, são hostis, é natural que o nosso comportamento seja agressivo, e é até natural que achemos que quem não age assim não se safa. Ou simplesmente emitimos uma resposta exagerada face a uma situação como consequência de experiências emocionais intensas vividas no passado, e que de algum modo recordamos através da situação presente.
Referimos há pouco que vivemos numa sociedade que premeia a conduta passiva. Resta acrescentar que o faz na justa medida em que isso interage com a agressividade, como as duas faces da mesma moeda.
As consequências imediatas do nosso comportamento agressivo são positivas, uma vez que, naquele momento, é possível que consigamos obter o que queremos, principalmente se o outro responde em conformidade com a nossa agressividade, isto é, de forma passiva. Ou então é ver quem grita mais alto.
É possível também que nos sintamos emocionalmente aliviados, e satisfeitos por termos vincado tão bem a nossa vontade. Mas a médio prazo as consequências negativas parecem inevitáveis. Torna-se desgastante carregar uma visão do mundo em que é necessário estar sempre alerta contra as intenções dos outros (salvo situações muito pontuais, é óbvio que não é preciso estar sempre alerta).

Por que razão agimos manipulativamente?
As pessoas agem de forma manipulativa para o obrigarem a ser não-assertivo, a fazer o que eles querem, contra os seus próprios desejos.É um tipo de comportamento muito difícil de distinguir, e as pessoas que o utilizam esperam apanha-lo na ratoeira, sem você se dar conta, ao induzir em si sentimentos de compaixão, em especial culpa ou pena. Não utilizam estratégias directas ou não têm coragem para serem honestos e evitam fazer pedidos assertivos para não terem que enfrentar a rejeição ou o conflito. É a forma de os manipuladores se sentirem no controlo da situação: eles conduzem o carro, e você é apenas um passageiro.

O que é o comportamento manipulativo?  

O comportamento manipulativo é o comportamento não assertivo, indirecto. As pessoas aqui não especificam o que querem ou o que estão a querer dizer.

Por outras palavras, a não assertividade desses sujeitos irá provocar não assertividade da sua parte, se se deixar ir na onda que eles querem.

O comportamento manipulativo é passivo, porque a pessoa não diz directamente o que quer e agressivo porque não respeita os direitos dos outros. Tem como raízes a baixa auto-estima: as pessoas agem indirectamente porque não têm coragem de ser directas. Muitas vezes acham-se muito espertas porque conseguem quase tudo o que querem através de truques e chantagens.

Quais são as consequências de agir manipulativamente?
De início, o comportamento manipulativo pode vencer, mas com o passar do tempo, as pessoas começam a sentir-se desconfortáveis face ao sujeito manipulador (mesmo que não saibam muito bem porque se sentem assim), ressentidas, aborrecidas, irritadas, zangadas e com vontade de evitar o sujeito manipulador.
Rapidamente se perderá a confiança nas pessoas que manipulam.
Quem manipula sabe bem que só o consegue fazer por curtos períodos de tempo: Até à próxima vítima! Sentem-se cada vez mais inseguros; imaginam constantemente novos esquemas de acção manipulativa, que virão sempre a ter o mesmo resultado: Os outros afastam-se!

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